sexta-feira

6-junho-2025 Ano 1

Mulheres lideram a mudança nos relacionamentos hoje

Descubra a importância da transformação comportamental das mulheres nos relacionamentos e o impacto da tecnologia na busca por parceiros. 

Por Alyah Gomes, Luiza Fazzi, Maria Luiza De Nigris e Manoela Peres 

Durante séculos, o papel das mulheres em um relacionamento era praticamente definido. Casar jovem, ter filhos e “segurar um homem”, eram expectativas socialmente impostas — muitas vezes incentivadas (ou cobradas) pela própria família. Estar solteira era visto como símbolo de fracasso, em que a mulher só alcançava valor social por meio de um relacionamento. Frases como “você precisa encontrar alguém ou vai acabar ficando para titia” traduziam a ideia de que o amor não era uma escolha: era obrigação.

Atualmente, há uma mudança clara no comportamento feminino. Agora, elas são responsáveis pelo seu próprio caminho, traçando decisões e expectativas individuais, sem a influência de um parceiro ou uma “predestinação” amorosa. Os aplicativos e redes de busca pela companhia ideal se tornaram uma “febre” mundial e o local preferido de milhões de jovens para um “date”. Mas como os aplicativos de namoro e as redes sociais impactam e influenciam mulheres ao redor do mundo? 

Nas redes sociais, há muitos conteúdos direcionados a casais e mulheres que acabaram de entrar em um relacionamento. Esse tipo de postagem afeta não só mulheres adultas, como jovens que ainda não atingiram a maioridade. O interesse em consumir publicações que nos distraiam do cotidiano pertence também a crianças e adolescentes, que podem estar expostas a discursos irresponsáveis e pregados livremente por influenciadores. 

Principalmente no TikTok, mulheres com um grande número de seguidores se sentem livres e no direito de ditar regras para o comportamento feminino, criando um gabarito de condutas a serem seguidas caso o espectador esteja buscando por um(a) parceiro(a). Tem conteúdo para todo gosto. Algumas listam até requisitos econômicos, como pagar a conta em jantares ou passeios ou pagar carros de transporte, ignorando a autonomia feminina dura e lentamente conquistada ao longo dos séculos e valorizando preferencialmente o comportamento masculino.  

https://vm.tiktok.com/ZMSk3BJ6N
Foto: Maria Cecília Vieira/Acervo Pessoal

A estudante de medicina Maria Cecília Vieira de Melo de 19 anos, confirma o impacto das redes sociais na forma como passamos a nos relacionar, tanto para o bem quanto para o mal: “Por um lado, elas aproximam, facilitam conexões, criam pontes que talvez não existiriam na vida offline. Mas, por outro lado, também criam uma ilusão constante de que sempre existe algo melhor ali do lado e deixam as relações superficiais”, ela comenta. A jovem também debate sobre a frustração e insegurança de estar sempre em contato com casais aparentemente perfeitos, criando uma sensação de que a sua relação nunca é boa o suficiente. 

“O que vejo na internet e posso falar até por mim mesma, é um recorte da vida das pessoas, certo? Um recorte feliz, onde todo mundo é rico, não existem problemas, todo mundo é fitness, estudado, viajado… é tudo de bom”, desenvolve Michele Azevedo, psicóloga comportamental de 31 anos. Em outras palavras, há uma abordagem muito pontual e específica sobre o assunto, devido à falta de interesse do público nas redes sociais em não mostrar o lado vulnerável do cotidiano. 

Foto: Michele Azevedo/Acervo Pessoal

No caso de aplicativos de namoro, a realidade não é muito diferente. Por trás da tela do celular e computador, estamos focadas em encontrar o parceiro perfeito e que corresponda cada uma de nossas idealizações, muitas vezes nascidas por meio de mais influências externas. O ato de “dar match” com alguém que nos corresponde emocional e fisicamente por uma pequena autodescrição on-ine torna-se cada vez mais comum, ao mesmo tempo que rejeitar alguém por isso também é considerado normal e necessário para evitar a perda de tempo.  

O uso de aplicativos de namoro pode se tornar até mesmo um vício, de acordo com a psicóloga Zoe Mallett em uma reportagem para a BBC News Brasil. Ela ainda explica que a sensação de ser correspondido, o famoso match, é o que torna o uso de sites de relacionamento tão desejado.  

“A incerteza faz com que você invista mais”, diz Zoe, enfatizando a vontade de estarmos sempre ativos, mesmo quando não conseguimos uma correspondência. O fato de estarmos sempre à mercê de vários cenários possíveis fez com que o Tinder, por exemplo, crescesse e acumulasse mais de 200 milhões de usuários. Por outro lado, um estudo da YouGov provou que apenas 1,6% dos consumidores entre 25 a 34 anos conheceram o seu par em um aplicativo.  

“Antigamente, os relacionamentos eram muito regionalizados. Nós conhecíamos pessoas próximas às nossas famílias e ciclos, então as opções se tornavam menores”, afirma a profissional em comportamento. “Com as redes e aumento do maior poder aquisitivo, isso mudou. Então conquistamos o maior acesso ao mundo de pessoas. O mesmo ocorre com aplicativos de relacionamento: se eu posso escolher entre dois, eu sei que só tenho eles. Mas quando isso vira mil, como decidir? Quais critérios eu devo usar?” 

A “ditadura do relacionamento” pode ser percebida como uma prática nociva às parcelas jovens e adultas de mulheres, afetando bruscamente a nossa maneira de enxergar uma relação e pessoas com quem podemos, futuramente, nos envolver. 

Pressões antigas, cobranças novas  

Mas além dos apps e das redes sociais, na “vida real”, o casamento deixou de ser uma meta inquestionável para todas as mulheres. Muitas optam por um desejo de autoconhecimento, liberdade e a construção de uma vida que faça sentido para si mesma. O avanço dos discursos feministas e o maior acesso à informação e autonomia, tornaram possíveis novos modelos de relacionamento. É o que pensa a economista Silvia Cristina Magliano, de 58 anos. “O que vejo é que ninguém mais é obrigado a estar com ninguém, assim sendo, quando você está em um relacionamento é por amor”, resume. 

Foto: Maria Luiza De Nigris/Agenzia
Foto: Beatrice Oliveira/Acervo Pessoal

Beatrice Oliveira, de 45 anos, DJ e stylist, revela que quando mais jovem sofreu com os olhares vigilantes das pessoas próximas: “Há uns 20 anos eu sentia essa pressão. Eu fui de uma igreja evangélica, então toda essa construção da sociedade de que você tinha que casar e ter filhos, constituir uma família… era muito forte.” E conclui: “Hoje, isso mudou muito e eu não sinto mais essa pressão — Se for para eu ter um relacionamento, eu vou ter porque eu quero.”  

Mas a pressão social persiste — agora com outras formas. Em vez da cobrança de um casamento, a expectativa vem disfarçada de “preocupação” ou um questionamento: “você não pensa em formar uma família?”

Comentários “inofensivos” ainda refletem um julgamento que coloca a mulher em uma posição de constante avaliação de seu status afetivo, seja ele qual for.  

Essa nova forma de pressão também se mistura à idealização da “mulher que dá conta de tudo”. A cobrança não está mais apenas no casamento, mas na exigência de uma realização plena — vida profissional bem-sucedida, independência financeira e afetiva, saúde emocional. Espera-se que a mulher equilibre todas essas esferas com excelência, sozinha ou não. 

Esse cenário ganha contornos ainda mais complexos quando observamos as vivências individuais. A jovem Maria Cecília compartilha como sente esses reflexos no dia a dia. Para ela, embora o desejo de se relacionar esteja presente, a cobrança social pesa na hora de fazer escolhas. “Adoraria estar em um relacionamento saudável, com conexão e parceria de verdade. Sinto falta de dividir a vida com alguém, de ter aquela troca diária, o apoio, o carinho. Mas, ao mesmo tempo, não quero me jogar em qualquer relação só para não estar sozinha.” 

Maria também comenta que esse sentimento de pressão já apareceu antes. “Em vários momentos senti que deveria estar em um relacionamento devido à pressão social, pois tem aquela fase em que todo mundo ao seu redor começa a namorar e você se pergunta se está ficando pra trás.” 

Já a DJ Beatrice Oliveira oferece uma perspectiva sobre como a vivência da mulher negra nos relacionamentos é marcada por uma história de marginalização e estigmatização. Ela destaca que, historicamente, a mulher negra tem sido vista de forma diferente das mulheres brancas nos relacionamentos. “Desde sempre, a mulher preta é preterida ou hipersexualizada. As mulheres pretas são só para o sexo, as brancas são para casar”, conta. Ela diz acreditar que, embora o empoderamento feminino tenha criado novas possibilidades de relacionamentos para as mulheres negras, ainda existem barreiras. 

“A mulher preta ainda tem menos oportunidades de afeto, mas estamos vivendo novas formas de relacionamento. Graças ao aumento do empoderamento e da autonomia, as mulheres pretas vêm conseguindo se relacionar melhor, mas, ainda existe uma problemática persistente”, afirma Beatrice. 

Em meio a avanços e contradições, o que se vê é uma constante: ainda que os formatos mudem, a liberdade feminina continua sendo negociada — seja dentro ou fora dos relacionamentos. 

O aumento do número de mulheres solteiras  

Atualmente no Brasil, as mulheres representam 51,1% da população. Dessas, 50,7% estão solteiras, de acordo com a revista Lounge, já entre os homens, 46% estão solteiros, segundo o IBGE. 

Uma outra pesquisa feita pelo banco americano Morgan Stanley, baseada em dados do departamento dos censos dos Estados Unidos, mostra que 45% das mulheres entre 25 e 44 anos vão estar solteiras em 2030, o maior número na história. Segundo o estudo, os motivos para esse aumento são o atraso de casamentos, a escolha de ficar solteira, o divórcio entre os 50 e 70 anos e o atraso para ter filhos ou a diminuição deles, comparado ao passado. A respeito disso, a stylist compartilha que, atualmente, prefere estar solteira a viver um relacionamento com alguém que não compartilhe dos mesmos objetivos pessoais, “apenas para ter alguém e não pensar nas consequências”, como diz Beatrice Oliveira. 

A faixa etária que apresentou maior aumento de mulheres solteiras no Brasil foi entre os 25 e 39 anos, segundo pesquisa realizada pelo IBGE. O Censo 2022 mostra que 49,1% das unidades domésticas brasileiras tinham responsáveis do sexo feminino, uma diferença de apenas 1,8% comparado ao sexo masculino. Entretanto, em 2010 a diferença era de 22,6%. Além disso, a abertura de contas bancárias para mulheres casadas sem a autorização do marido foi concedida apenas em 1962. Até a data, elas não possuíam direito nem mesmo à CPF. Essa e outras conquistas foram essenciais para a ideia de casamento como sinônimo de necessidade econômica perder força, sendo um verdadeiro feito para a liberdade feminina.  

Hoje, com a cultura do entretenimento exercendo forte influência, há uma nova realidade sendo projetada. Os filmes de princesas da Disney abandonaram personagens como Branca de Neve e Bela Adormecida, que protagonizavam as histórias, mas os heróis eram os príncipes. Obras produzidas recentemente, como “Moana” e “Frozen” criaram mulheres que não precisam de um namorado, alcançando destaque em seu próprio conto e demonstrando às mulheres que é possível ser independente e dona de suas próprias narrativas.  

O avanço do movimento feminista favorece a ideia de autonomia e não necessidade de um parceiro. Ao ser questionada sobre esse aspecto, Silvia Cristina Magliano, de 58 anos, afirma: “Hoje em dia a mulher tem mais oportunidades, independência financeira, maior participação no mercado de trabalho. Pode fazer suas escolhas, afetando também sua vida social”. 

Autonomia e Independência  

É certo que o casamento e a maternidade deixaram de ser obrigações inquestionáveis, e tornaram-se escolhas individuais das mulheres. Mas o que essa mudança representa, na prática, para os relacionamentos de hoje? 

“Quando pensamos nas mulheres em específico, a mudança na forma de se relacionar é muito vinculada a maior independência, acesso à educação financeira e à diminuição de uma pressão social”, afirma Michele.

No ano de 1977, foi promulgada a Lei do Divórcio, que possibilitou a dissolução do casamento. Entretanto, apenas em 1989, os termos “separação judicial” e “mulher divorciada” começaram a ser utilizados, substituindo as expressões “desquite litigioso” e “mulher desquitada” — designações, até então, carregadas de preconceito e julgamentos. Desde então, a figura das mulheres é cada vez menos vinculada a de seus parceiros, o que abre um leque de possibilidades para a forma como se relacionam com o mundo. 

“Viemos de uma sociedade onde era mal visto uma mulher sair de um relacionamento. Hoje em dia, isso já não pesa tanto, não nos rotula como antes. E, somando isso à maior independência financeira que muitas mulheres têm conquistado, vejo uma crescente liberdade: a mulher pode se posicionar sem medo de represálias ou de perder um relacionamento — o que antes era visto como a base da sua vida”, analisa Michele. 

Agora, com mais liberdade para traçarem seus próprios caminhos, muitas mulheres estão reinventando os próprios modelos de afeto. O tradicional “felizes para sempre” a dois já não é a única opção existente. Hoje, é comum que mulheres de diferentes idades permaneçam solteiras — e, muitas vezes, por escolha consciente. Beatrice Oliveira conta que estar solteira é uma decisão pensada: “Se for para ter um relacionamento, vou ter porque eu quero. Gosto muito de viver minha vida solteira, estar com meus amigos e viajar”, explica  Beatrice. 

A DJ também reflete sobre a importância de se autoconhecer, e se priorizar antes de entrar em um relacionamento: “Considerando os meus objetivos pessoais, é importante não tomar decisões por impulso apenas para ter alguém e não pensar nas consequências. Então eu penso muito, hoje em dia, antes de ter uma relação. Vejo como uma forma de me proteger de relacionamentos tóxicos”. 

Mas a crescente busca pelo autoconhecimento surge também como uma resposta à cobrança para que as mulheres atinjam uma “realização plena”. Agora, a expectativa é a de que se as mulheres já não vivem mais para o casamento. Devem obter absoluto sucesso nos demais âmbitos de suas vidas – manter uma boa aparência, uma vida social ativa, estar resolvida emocionalmente e destacar-se na carreira profissional.

Ao comparar sua atual visão sobre relacionamentos com a que tinha na juventude, Beatrice compartilha um sentimento que ecoa entre muitas mulheres de sua geração: “Hoje temos outros sonhos, outras perspectivas, outras prioridades: trabalho, carreira, profissão. Acredito que um relacionamento tenha deixado de ser uma prioridade para a maioria das mulheres”. Em sua fala, Beatrice revela como a nova ideia de liberdade feminina pode vir acompanhada de uma exigência silenciosa – já internalizada no cotidiano de muitas mulheres. 

Ideia de relacionamento ideal 

Outra mudança na forma que as mulheres se relacionam foi o fim da idealização de um relacionamento ideal. “Quando eu conheci e escolhi um homem para ser pai do meu filho, eu imaginava que isso seria para sempre; que eu ia casar, construir uma família (…) Uma mulher deveria ser dona de casa, dona do lar, casar, cuidar do marido e dos filhos… enfim. Hoje, graças a Deus isso mudou muito e eu não sinto mais essa pressão”, lembra Beatrice, que ficou solteira aos 45. 

Com o aumento do ingresso de mulheres no mercado de trabalho, tarefas não remuneradas como cuidar dos filhos, cozinhar e limpar a casa deixaram de ser deveres exclusivamente femininos. A ideia do homem apenas “ajudar em casa” mudou para “fazer sua parte”.  

O artigo “Dependência emocional em relacionamentos conjugais: possíveis fatores e consequências”, publicado no site da Faculdade Morgana Potrich como parte de um Trabalho de Conclusão de Curso e escrito por Thayne de Oliveira Santos e Murilo Reis Camargo, explica que a maioria dos casos de dependência emocional atinge o sexo feminino, sofrendo de sentimentos como medo do abandono e culpa. Muitas vezes, são até mesmo despersonalizadas, visto que passam a viver em prol de seu parceiro. Em situações ainda mais graves, outra consequência da dependência é a violência doméstica. 

O conceito oposto ao de dependência emocional é a autonomia emocional, amplamente almejada. Na busca por um relacionamento, as mulheres desejam crescer ao lado do parceiro, mas também possuir um espaço para evoluir individualmente. Há a procura por alguém que eleve sua autoestima e ajude a alcançar seus sonhos, construindo mais ao seu lado. 

Durante décadas, meninas foram ensinadas a sonhar com o “felizes para sempre”, colocando o amor romântico como principal pilar de suas vidas. Hoje, as mulheres não deixaram de buscar o amor — mas passaram a amar de novas formas, considerando outros critérios e se colocando como o foco de suas próprias histórias. Em um mundo que cobra tanto as mulheres, talvez a maior revolução seja permitir-se amar sem pressa, dispensando imposições.  

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Escrito por Maria Luiza De Nigris, Alyah Gomes, Manoela Peres e Luiza Fazzi.

11 thoughts on “Mulheres lideram a mudança nos relacionamentos hoje

  1. Matéria muito interessante e necessária! É possível ver o carinho que colocaram na matéria ao escrevê-la, incluindo mulheres de realidades e idades diferentes! Como é bom entrar em contato com conteúdos feitos por mulheres, para mulheres💕

  2. Texto muito bom. Além do mais, assunto super interessante. É muito legal termos compreensão dos desdobramentos históricos nos quais, nós mulheres, passamos para entendermos o que somos/ temos hoje.

  3. Material muito bom, esclarecendo dúvidas e gerando questionamentos sobre o uso de tecnologias nos relacionamentos e sendo muito atual, alcança muitas mulheres. Parabéns 👏🏻

  4. eu adorei contribuir com essa matéria que ficou maravilhosa! Vcs arrasaram demais no conteúdo, parabéns!!!

  5. Texto muito bem desenvolvido com um assunto atual e importante. Parabéns pelo trabalho meninas!! arrasaram

  6. Que trabalho incrível, meninas ! A matéria traz reflexões muito necessárias sobre o papel das mulheres na sociedade atual. É muito bom ver esse tipo de conteúdo sendo tratado com tanta sensibilidade e profundidade. Amei poder participar dessa matéria !

  7. Texto muito atual e agregador! Adorei que compartilharam experiências e opniões de diferentes mulheres! Parabéns pelo trabalho!

  8. Ótimo conteudo, a mais pura realidade, as mulheres deixaram de ser refens e hj brilham em todos os seguimentos da sociedade.
    Parabéns pela materia.

  9. Como mulher, acredito que hoje em dia cada uma tem a liberdade de acreditar no seu querer pessoal, e que coisa maravilhosa não? Texto super dedicado e atual, parabéns pelo trabalho meninas!!!

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